sábado, agosto 22, 2009

Fenómenos Angolanos

Isso é um tema bastante polémico. Aos meus compatriotas angolanos. Vai endereçado um pedido de desculpas aos que se sentirem de alguma forma ofendidos, mas com certos hábitos que a malta tem eu não me acostumo. Vou retratar tudo aqui e agora.

1. Fenómeno Barulho. - Ha um mês atrás eu estava a digitar uns e-mails. Eram 23:25. De súbito sou estremecido pela música de Big Nelo: É Surra... aquilo parecia que haveria de desabar pra cima de mim. Então eu saio para ver o que se passa. Era uma "convivência" de vizinhos angolanos, que sem se preocuparem com a calma que reinava, resolveram fazer da noite uma algazarra. Eu nunca fui de barulhos mesmo em Angola, quanto mais aqui.
Eu sei como são as pessoas da minha terra. Arrogantes. Fui bater à porta dos vizinhos doutro lado(imaginem a minha figura, incomodar os outros àquela hora), para solicitar ajuda.
Pedi o número da polícia, pois esta normalmente controla situações desse tipo. A polícia não responde. E o vizinho diz, com tom triste:
"Aqueles são más pessoas. Vivem cá faz tempo, mas mesmo assim não aprendem. Experimenta falar com eles, se houver complicações, chama-me"
Eu até poderia me defender sozinho, mas se ele dissera aquilo, é porque conhecera a natureza das pessoas que alí residem... Lá fui ter com eles.
Deu certo. Disse que já estava a dormir e pedi para que baixassem a música. Até agora sem problemas.

1.1. - às vezes quando passo na rua, ou num centro comercial, ou em qualquer outro lugar, deparo-me com angolanos. Não residentes. Aqueles que vieram fazer compras, ou simplesmente passear. Mas esses são 50% dos que causam barulho nas ruas da cidade. Sei perfeitamente, esse espírito de "alegria" e confusão que todos nós temos, não tenho nada contra isso. Mas realmente esses que falam mais alto do que os normais barulhos da cidade estragam a imagem de todos. Por exemplo uma pessoa paífica será incluida nesse grupo. Como acabar com isso? Boa pergunta.

2. Fenómeno "Gasosa". - Era Junho. Paro o carro na estação para abastecer. Peço para que o homem abasteça com 100N$ de gasolina. Ele fá-lo, eu entrego-lhe o dinheiro, em seguida sou surpreendido por um pedido num português partido:
"Kerro gasosa!"
Oh meu Deus! O que foi que ele disse!? Eu não tenho sotaque que me identifique tão rápido assim! Como é possível??? Penso rápido. Viro-me para ele e digo, com cara de quem não entendeu nada:
"Sorry, bra, ek praat nie Portuguese!"
(desculpe, não falo português, em Afrikaans)

O homem não esperava, mas viu para a minha cara(que centenas de pessoas confundem com namibiana), e deu-me um adeus.
"Sorry, bra! Tot siens!"

Pronto, fugi dessa. E os milhares de angolanos que foram "apanhados"?

Mas a pergunta não é essa. Onde é que os namibianos aprenderam isso? Com quem? Será preciso responder a isso?
Quem foi que introduziu esse verme na sociedade namibiana, até hoje não sei.
Cartazes, publicidades com a escrita "Say NO to bribes" são expostos em todo o lado. Mas mesmo assim a malta daqui aprendeu "connosco". Há meses conheci alguém que tratava cartas de condução clandestinamente. Angolano. De onde começou isso? Triste saber que as porcarias que o nosso país tem já foram contaminar Namíbia. Cá vai um conselho: afastem-se de pessoas desse tipo, porque graças a esses fenómenos, a polícia namibiana e os serviços de migração locais andam atrás dos angolanos sempre. Por um pagam todos... Em Maio eu estava a falar ao telefone, eram 22:15... Fui interrompido por uma forte batida na minha porta. Eu pensei: "É o meu vizinho Adérito, que tem esse mau hábito." Dei uma olhada através das cortinas e surpreendi-me. Não era o Adérito. Eram 3, 4... Sim, 4 agentes da polícia:

EU: 'Evening, officers, how can I help you?
AGENTE: Are you... Fonkessa?
EU: ???
AGENTE: Fonkessa

O homem foi corrigido por uma colega dele:
ELA: Is not Fonkessa, is Fonseca...
AGENTE: Ok.
AGENTE: Are you Fonseca?
EU: No.
AGENTE: Please show me your ID
EU(a tremer): You are scaring me, guys!

De facto eles estavam a me assustar pois estavam todos a pressionar-me psicológicamente e os olhares deles não eram bons, não. Trouxe o passaporte.

EU: Take a look. I'm Agostinho, not Fonseca.
AGENTE: Who is this Fonseca?

Aquilo ia me fazendo rir. Eles é que estão a procura, perguntam se eu sou o tal Fonseca e agora perguntam-me quem ele é.

EU: I don't know! Can I have my passport now?
AGENTE: Yes. Thank you.

Nunca soube quem era o/a Fonseca. Eles procuram pelo último nome, e dificultam as coisas para eles mesmos. Porque a rapariga com quem eu falava pelo telefone é Fonseca.

Há um edifício residencial no bairro chamado Hochland Park(que traduzindo de Afrikaans para português significa Parque da Terra/Nação), em que a maior parte dos residentes é de Angola.
Ao se entrar para o edifício, vem aquele clima familiar de muito barulho e essas cenas todas. Mas lá está o ponto negativo da situação. A migração namibiana está sempre de olho naquele prédio. Por favor digam-me o que vão pensar os outros acerca dos angolanos, do jeito que está a situação?

Quero com isso tudo dizer, queridos irmãos que cá querem estudar: não misturem-se com todo o tipo de gente.

3. Fenómeno "rico". - Aqui, ambos estamos errados. Angolanos e namibianos. Ao virem por uns dias e fazerem shopping pelas lojas de Windhoek, certas pessoas tendem a andar com muitos sacos e sacolas duma só vez. Mas não é esse o principal motivo que me fez abrir o tópico.
Há, entre muitos, pessoas que mostram notas de dólares americanos e namibianos por tudo quanto é lugar. E como disse atrás, os dólares americanos são proibidos por lei, aqui, de circular nas ruas. Reservam-se exclusivamente aos bancos e casas de câmbios. Portanto raros são os namibianos que pelo menos uma vez viram uma nota de dólar americano. Por essa razão, estes pensam que essas notas são exclusivamente para ricos e milionários - pelos clipes musicais que vêm nos canais americanos e sul africanos, é essa a conclusão a que chegam.
Com os angolanos a mostrarem(sim, mostrarem mesmo de propósito) essas notas, automáticamente são vistos como milionários. E depois vem a parte mais desagradável. Eles generalisam as coisas duma maneira impressionante!!

Por exemplo, eu uma vez estava numa loja a procura de uns discos...
Uma vez no caixa, a registar os CD's que adquirira, e depois de ter pago, o teller disse-me num tom sarcástico:
"Also give me some dollars!"

Outra vez, uma conhecida minha abriu um diálogo comigo:

ELA: I like my country. But I want to go to Angola.
EU: Ok, go ahead, it's a nice country to visit.
ELA: No, I don't want to visit, I want to work there.
EU: Why?
ELA: To earn millions of US dollars, and then, to come back and show my banknotes to everybody, just like you angolans do!
EU(a pensar: oh, que parva!): But we don't recieve our salaries in USD. We exchange Kuanzas for USD just because we are coming to Namibia. Do you guys accept angolan money?
ELA: Oh... You're right. No.

E é assim que pensam muitos deles.

Chato ser visto como alguém que não sou. Eles têm complexo de inferioridade, ou inveja, perante nós, por outro lado nós os angolanos - complexo de superioridade e ignorância.

Fiquem bem.


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