domingo, agosto 16, 2009

Primeiro dia



Bem, estou um pouco atrasado... Na verdade estou 7 meses atrasado. Deixem-me apresentar-me primeiro: Sou Edson, mas carinhosamente tratam-me por Eddy, Nicolay ou os dois juntos, tenho 21, angolano, vim para estudar inglês na Namíbia. Parece fácil, mas não é. Podem crer, não é nada fácil. Espero que depois de lerem isso, e os que desejam vir para cá, aprendam com os meus erros.

25 de Janeiro de 2009. A tão aguardada viagem realiza-se, e depois de 2 horas de atraso no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro em Luanda, 30 minutos de escala no Aeroporto do Lubango, e 2 horas e tal no ar, aterro em solo namibiano. Lá está ele, o Aeroporto Internacional Hosea Kutako. ao sair do avião, uma brisa seca e quente bateu no meu rosto. Clima desértico, há que se esperar muito disso. Era a primeira vez na Namibia.
Sou reconhecido pela pessoa que seria o meu guia nos primeiros dias, Ricardo. 1.85m, como dizemos em Angola, "forte" (expressão para caracterizar uma pessoa com uns quilos a mais):

RICARDO: Edson?
EU: Sim. Ricardo? Muito prazer.
RICARDO: Espero que a viagem tenha corrido bem, bem-vindo à Windhoek.

Percorremos a uma velocidade média de 100mph (160km/h) a via que separa o aeroporto da cidade. Ele era um louco por velocidades, disso eu pude notar logo logo. Oh sim, e uma sensação desagradável, estar a uma velocidade muito alta do lado esquerdo da via. Tenho aí uma das fotos que pude tirar:

Era sempre a impressão que ele estava em sentido contrário... Mas não. Nesse país o tráfego é do lado esquerdo, tal como na Inglaterra e no Japão. Nunca antes estivera num país onde se anda do lado esquerdo. E foi difícil me habituar, porque várias vezes escapei ser atropelado nas ruas da cidade...

Depois de deixarmos as coisas no quatro em que me hospedei, o primeiro lugar em que paramos foi a casa dum maliano(pode até ser doutro país) para trocarmos dinheiro... Era domingo e as casas de câmbio estavam fechadas. Depois, para uma estação de serviço(bomba de combustível BP) para comprar um SIM card, eu precisava dum número de telefone aí. Nada de contratos, nada de taxas(1), tudo na hora. Toma lá, dá cá. 25 dólares namibianos pelo cartão SIM e crédito adicional de 5.

A seguir fomos ao restaurante... Ocean Basket, só servem vegetais e mariscos... nada de carnes... A primeira coisa que me impressionou foram os preços. 194 dólares namibianos(ou rands), o equivalente na altura, a 20 usd. E o tamanho do prato que eu escolhi... Desculpem, não era prato, era uma bandeja de exatamente 40cm de comprimento contra 23 de largura, repleta de mariscos. Lembrei-me da recém-deixada Luanda, onde um "prato" desse tamanho custaria não menos de 8000kz.
Depois, ao supermercado. Coisas básicas, e apesar de baratas, foi aí que cometi o meu primeiro erro: deixar-me levar pela entação. Lembro-me o que comprei me ficou por 500 e tal N$. Pronto, já chega para uns dias.
Era tarde, hora de me acomodar num novo país. O aluguer do quarto em que eu estou até agora: 3500N$ por mês. Isso são 300 e tal USD. A casa tinha segurança de primeira classe, piscina, toda acabada e mobilada, com toda a loiça e detalhes incluidos. Até tem um limoeiro, que me poupa as despesas! Paguei o aluguer, e comecei a me instalar.
A primeira reacção que tive foi à água. Nível de dureza muito elevado. Eu podia até sentir o gosto dos sais nela. Isso sim, era desagradável. Até hoje não me habituo com ela. Depois era na hora de comer. O fiambre e o pão tinham um sabor incrívelmente estranho. Não comi aquilo e tentei aquecer o leite, que também era um bocado estranho. OK, é um novo país, fazer o quê?
O dia acabou daquela forma.

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(1) O "nada" de taxas, referia-me à simples adesão dum número pré-pago sem ter de assinar e pagar para assinar. Na verdade aqui existem taxas para TUDO, até no simples introduzir um cartão de crédito no ATM. Portanto se já estiverem aqui e ao levantarem dinheiro a partir dum caixa virem que o valor baixou muito, não foram roubados. É a taxa adicional de 5, 10 e 15%, chamada VAT. Em todas as facturas aparece isso. 15% VAT.

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